Neste ano comemoramos 80 anos do Seminário Frei Galvão ou conhecida como a Fraternidade Franciscana São José e o Postulantado Frei Galvão localizado em Guaratinguetá (SP).
O Instituto que forma vocações franciscanas é da mesma ordem religiosa que pertenceu o primeiro santo brasileiro, Santo Antônio de Sant’Anna Galvão.
Segundo o A12, o jornal do Santuário de Nossa Senhora da Conceição Aparecida, o Seminário Frei Galvão nasceu em 1942, com finalidade de preparar jovens candidatos à vida franciscana. Naquele início estabeleceu-se um curso preparatório para o ginásio (hoje Ensino Fundamental), para a admissão dos seminaristas. Os candidatos eram do Estado de São Paulo; Minas Gerais; Rio de Janeiro e do Espírito Santo.
Tudo começou quando em 1939, o Reverendo Frei Antonino Zimmermann conseguiu que se comprasse a “Granja São Paulo”, no bairro de São Bento, que tinha um terreno de 8 alqueires.
A intenção era ali construir seminário preparatório, a construção ficou sob o comando de Frei Edgar Loers, guardião do Convento de Guaratinguetá. Em 28 de abril de 1941 a pedra fundamental recebeu benção, e a edificação foi sendo formada.
Foi inaugurado oficialmente no dia 1º de março de 1942, em um domingo, na presença do Frei Ernesto, que substituiu o então Ministro Provincial Frei Mateus Hoepers, que adoeceu e não pode comparecer à cerimônia.
O Seminário Frei Galvão passou por várias estruturações, mas continua mantendo a história e tradição das principais obras do primeiro santo brasileiro que é conhecido por vivenciar o carisma franciscano, principalmente por meio da acolhida e a distribuição das pílulas em devoção ao Ofício de Nossa Senhora.
Texto: Marina T. F. C. Pinto / Referências: https://www.a12.com/redacaoa12/igreja/seminario-frei-galvao-em-guaratingueta-sp-comemora-75-anos / Foto: https://franciscanos.org.br/guara/historia/
Em homenagem aos 100 anos de rádio no Brasil, vamos rememorar o mais antigo radialista de Guaratinguetá, René Pinheiro Chagas.
Segundo o Vale Ver Guará era também a emissora considerada "líder" e tradicional do Vale do Paraíba - A Rádio fundada em 13 de Janeiro de 1940, foi instalada na praça central da cidade é uma das mais antigas do Vale.
Ele, o locutor mais antigo, tinha uma forma de apresentação toda peculiar - Seu linguajar nos meios de comunicação era único e apresentava seu programa com muita alegria.
"Retreta Sabatina"
"As Papagaiadas do Renê"
"Vamos começar as papagaiadas do Renê na noite de hoje"
Um programinha diferENTE...
Que atormENTA...Toda gENTE, principalmente a familia prudENTE!
Texto: Marina T. F. C. Pinto / Foto: Acervo - Colab. Zéck Broca - by Vale Ver Guará / Arte: @vmarins1
No dia 8 de setembro de 2022, o mundo ficou estarrecido. A mulher mais comentada e aclamada nos noticiários, jornais, aparecendo até como memes nas redes sociais, nos deixou e saiu do teatro da vida.
Elizabeth Alexandra Mary nasceu em Londres, em 21 de abril de 1926, no Castelo de Balmoral. O seu pai subiu ao trono em 1936 após a abdicação do irmão, Eduardo VIII. Quando o seu pai morreu, em fevereiro de 1952, Isabel, então com 25 anos, tornou-se rainha. Em novembro de 1947, casou-se com Filipe Mountbatten, ex-príncipe da Grécia e da Dinamarca, em um casamento que durou 73 anos, até a morte de Filipe, em 2021. Tiveram quatro filhos: Carlos, Príncipe de Gales; Ana, Princesa Real; príncipe André, Duque de Iorque; e o príncipe Eduardo, Conde de Wessex.
Seu reinado foi o mais longevo da história da Inglaterra, até mesmo superando o da sua tataravó, a rainha Vitória, conhecida como a "avó da Europa".
Independente dos apoiadores e contrários ao sistema monárquico, não podemos deixar de admitir que a sua imagem refletia um símbolo de autoridade e segurança em um mundo cada vez mais inconstante.
O Almanaque Sabaraboçu é uma revista que traz em suas publicações artigos e informações sobre a história e cultura da nossa cidade e região, ou seja, conteúdos de essência regional. Mas, o que a Família Real tem a ver com essa publicação?
Apesar da rainha Elisabeth II ter vindo ao Brasil em 1968 e visitado várias cidades brasileiras, de ter participado do lançamento da pedra fundamental da ponte Rio-Niterói, da inauguração do MASP, além de seu passeio por Recife e Salvador, realmente não há uma ligação direta com a nossa região, a não ser pela admiração que muitos cidadãos têm por ela e sua família, também aqui na cidade de Guaratinguetá.
É o caso do guaratinguetaense Pedro Felipe, que em 2015 escreveu uma carta endereçada à Família Real, e aproveitando uma celebração muito simbólica, que era a comemoração dos 300 anos da aparição da imagem de Nossa Senhora Aparecida, convidou a própria rainha para prestigiar essa data especial.
A carta foi endereçada ao Palácio de Buckingham, em Londres, onde mora a monarquia britânica. Com ela, Pedro ainda enviou um cartão postal sobre Nossa Senhora Aparecida.
Como sabemos, a rainha Elisabeth II não compareceu, mas inesperadamente a sua equipe respondeu com uma afetuosa carta endereçada a Pedro Felipe, que já aguardava ansiosamente e ficou emocionado. A resposta ao jovem de Guará foi enviada do Castelo de Balmoral (residência de verão da família real), tem o timbre da realeza britânica e foi assinada por uma "lady in-waiting" - uma assistente pessoal da rainha, que descrevia:
“A rainha deseja que eu escreva e agradeça pela sua carta. Vossa Majestade está lisonjeada de saber de você, embora não possa responder pessoalmente. A rainha ficou tocada de saber que você e seus familiares apoiam Sua Majestade. Embora a rainha não possa participar da comemoração do 300º aniversário da aparição da imagem de Nossa Senhora de Aparecida, Sua Majestade aprecia seu pensamento amável para ela. Você pode enviar os convites para o Arcebispo de Cantuária, O Reverendíssimo e Rt Hon Justin Welby, ou enviar diretamente para o Lambeth Palace, a residência londrina oficial do Arcebispo da Cantuária. A rainha é muito grata por seus bons desejos para Sua Majestade e sua família, e eu agradeço, mais uma vez, pelo o que escreveu".
Atualmente, Pedro Felipe mora em Curitiba, Paraná, e guarda como uma relíquia a resposta da amável carta da Família Real endereçada a ele.
E, assim, futuramente relembrar que a cidade de Guaratinguetá e Aparecida e, de certo modo, a região do Vale do Paraíba paulista vivenciaram uma conexão afetuosa com a Família Real, em especial, a saudosa rainha Elisabeth II, carinhosamente conhecida como "Betinha".
Texto: Marina T. F. C. Pinto / Referências: BBC/ G1 Globo / Arquivo pessoal e foto de Pedro Felipe dos Santos.
A independência do Brasil marca a ruptura histórica e definitiva com Portugal, após mais de 300 anos de relação pautada pelo pacto colonial. Entre o final do século XVIII e início do século XIX, ficava evidenciado o desenvolvimento de um sentimento de maior autonomia da colônia, que gradativamente crescia: desde a eclosão de movimentos revoltosos como a Conjuração Mineira, até a vinda da família real portuguesa ao Brasil, em 1808, que conferiu um novo dinamismo na política e economia.
Sendo assim, entre 1808 a 1822, esse processo crescente de autonomia se acentuou, se agravando e gerando tensões com Portugal. Os atos finais deste processo foram o dia do Fico, no dia 9 de janeiro de 1822, e a própria proclamação da independência, em 7 de setembro de 1822.
Nesse contexto, o Vale do Paraíba assume um papel de protagonismo sem igual neste importante fato histórico nacional.
Em maio de 1822, divergências entre membros da junta do governo provisório da província de São Paulo (conservadores e liberais) alimentaram tensões, que se acirraram entre forças políticas antagônicas em São Paulo, sendo de um lado os irmãos Andradas, e do outro, Francisco Inácio de Souza Queirós e seus aliados. Diante dos ânimos exaltados, a cisão do governo provisório da província e a possibilidade de agravamento de uma revolta armada, José Bonifácio, até então ministro do Reino e Negócios Estrangeiros, busca apoio no príncipe-regente.
Pela ótica de D. Pedro, qualquer dissensão interna poderia por em risco a causa da autodeterminação (além da possibilidade crescente de uma reação repressiva portuguesa), sendo necessário apaziguar as tensões e reestabelecer sua autoridade, motivando-o a ir para São Paulo, em 14 de agosto de 1822.
No dia anterior, determinou que, em sua ausência, a princesa Leopoldina presidiria ao despacho de expediente e às sessões do Conselho de Estado.
Com a notícia de que a pequena comitiva real passaria por diversas cidades do Vale do Paraíba, cada localidade realizava seus preparativos para recebê-la. Por onde percorria, a comitiva do príncipe-regente viu grande adesão a causa emancipacionista.
Em São Paulo, passou por Bananal, São José do Barreiro, Areias, Cachoeira Paulista, Lorena, chegando à vila de Santo Antônio de Guaratinguetá, em 19 de agosto de 1822.
A vila, que contava com 329 casas (segundo registra o pintor Palliére), ruas apertadas e com raro calçamento, experimentava um crescente desenvolvimento econômico, devido a lavoura canavieira e o plantio do café, bem como a proximidade com a capital, Rio de Janeiro, trazendo toda e qualquer inovação e novidades.
Muito aguardado desde o dia 18 de agosto, onde o príncipe-regente já foi recebido por um guaratinguetaense ainda em Lorena, o prof. Francisco de Paula Ferreira, enviado pela Câmara Municipal de Guaratinguetá, para lhe entregar ofícios da instituição.
Para a recepção do príncipe em Guaratinguetá, a Câmara Municipal passou um edital aos moradores, informando que as casas que estivessem no percurso tivessem suas frentes caiadas e recebessem iluminação para noite.
O príncipe-regente recebe mensagens de boas-vindas do clero de Taubaté e ordena o encaminhamento de um agradecimento, por parte do Secretário de Estado do Interior, Luiz Saldanha da Gama.
Foi oferecido um jantar, servido em uma riquíssima baixela de ouro.
Tal fato surpreendeu D. Pedro, que elogiou o anfitrião, e que por sua vez, prontamente responde de maneira bem humorada: ”As posses dão, Real senhor!”. O capitão-mor preparou o melhor aposento para o príncipe para o pernoite, tendo ele se recolhido em outra dependência da casa.
Esta residência foi demolida no início do século XX e a atual construção é a sede da ACEG (Associação Comercial e Empresarial de Guaratinguetá).Em 20 de agosto, o príncipe-regente lavrou uma última portaria pela manhã e partiu, subindo a ladeira da Cruz Grande (atual rua Marechal Deodoro), passando pela matriz de Santo Antônio e pela rua da Figueira, chegando ao limite urbano da vila, rumo a vila de Pindamonhangaba.
Nesse momento, segundo afirma o escritor Zaluar, em registro datado em 1861, relata D. Pedro encontrando uma grande figueira, entalhando no tronco da árvore suas iniciais, de próprio punho. Com o desenvolvimento desta figueira colossal, que remonta do século XVIII, a assinatura do príncipe elevou-se a altura de três homens. Ela foi derrubada, mas legou o nome do bairro onde ela existia.
A comitiva do príncipe-regente foi acompanhada por dois guaratinguetaenses: José Monteiro dos Santos e Custódio Leme Barbosa, ambos alferes de milícias, que passaram a integrar a Guarda de Honra, formada em Pindamonhangaba. Ambos foram testemunhas oculares do grito do Ipiranga, no dia 7 de setembro de 1822.
Podemos compreender, portanto, que o papel do Vale do Paraíba foi fundamental a consolidação do processo de independência do Brasil. Em cada vila que a comitiva real passava e pernoitava, agregava mais apoio a causa emancipacionista junto às autoridades da governança da região, os nobres e a população, e em Guaratinguetá não foi diferente: no grito dado às margens do Ipiranga, dois guaratinguetaenses testemunharam eventos que lançariam os alicerces do Estado brasileiro.
Texto: Felipe Nogueira Monteiro / REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICA:S COUPÉ, Benedito Dubsky. Vento Rio Acima. 2001. MUSEU FREI GALVÃO (org.). Guaratinguetá ontem e hoje. Editora Noovha América. São Paulo. SP. 2010. PASIN, José Luiz. A Jornada da Independência.
Abelardo Riedy de Souza foi um famoso arquiteto. Nasceu no Rio de Janeiro e faleceu em São Paulo em 11 de abril de 1981. Ingressou na Escola Nacional de Belas Artes, no Rio de Janeiro, em 1927, formando-se em 1932. Além da atuação como arquiteto, trabalhou como professor da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo - FAU/USP, desde a sua fundação em 1948. Interrompe a atividade docente entre 1956 e 1961 e, em 1971, se aposenta.
Já na década de 1950, morando em São Paulo, passou a colaborar com os projetos de Orozimbo. Projetou os edifícios Nações Unidas e Três Marias, ambos na Avenida Paulista, transformando em um marco da arquitetura modernista.
De acordo com Canettieri, coube ao talentoso arquiteto modernista conceber e realizar o plano urbanístico do bairro Clube dos 500.
Numa área de 800 mil metros quadrados, Abelardo distribuiu avenidas, ruas, igreja, três praças das áreas residenciais e uma área comercial localizada à margem da via Dutra.
A planta original do bairro Clube dos 500, datada de 1952, encontra-se arquivada na Prefeitura de Guaratinguetá. E, uma curiosidade: havia dois projetos de sua autoria, os quais planejavam uma igreja para ser construída na praça Di Cavalcanti, e projeto para o Internacional Golfe Clube, do qual Abelardo foi um dos membros fundadores.
Infelizmente, essa igreja e a parte dessa sede do Golfe Clube não foram executados. Porém, nada apaga a liderança e o projeto urbanístico do talentoso arquiteto Abelardo de Souza, que imbuído com o espírito modernista trouxe os primeiros passos e a construção do charmoso bairro do Clube dos 500.
Texto: Marina T. F. C. Pinto / Referências: ABELARDO Riedy de Souza. In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileira. São Paulo: Itaú Cultural, 2022. CANETTIERI. Ana Cristina. No meio do caminho. Clube dos 500.2018. @fotoclubedos500
Devida a perda de algumas partes da sesmaria (terras que os reis de Portugal cediam aos novos povoadores) a Viscondessa de Vimieiro ficou apenas com as terras do Vale do Paraíba. E em seu nome enviou desbravadores conhecidos como os sertanistas ou os bandeirantes.
O mito dos bandeirantes é muito presente na cultura e na construção do ideário do homem paulista. Algumas referências trazem o bandeirante ora como herói como aqueles homens destemidos, ora como o vilão que ao desbravar novas terras ficou deslumbrado com a possibilidade de acumular ouro e minerais por meio do trabalho escravo indígena e africana. Independente da interpretação é nesse contexto que formou o homem valeparaibano e guaratinguetaense.
Nessa fase de fundação e povoamento novos personagens surgiram: os bandeirantes, os europeus, indígenas, africanos, a figura do tropeiro, do mascate, ou seja, gente da terra que organizou os primeiros passos na vila de Santo Antônio de Guaratinguetá.
Desse modo, em 1646, Félix concedeu ao capitão Domingos Luiz Leme, uma grande sesmaria no sertão de Guaratinguetá, dando origem a uma povoação elevada à categoria de vila em 13 de fevereiro de 1651 com o nome de vila de santo Antônio de Guaratinguetá, levantando o pelourinho e instalando a primeira Câmara Municipal.
A primeira Câmara e Cadeia Municipal foi construída na praça principal que é hoje a praça conselheiro Rodrigues Alves e o primeiro presidente do senado da câmara foram Capitão Braz Esteves Leme. Os primeiros bairros estabelecidos na vila foram: Curupaitiba, Itaguaçutiba e Terereca (que atualmente se localiza em Pindamonhangaba) Itaguaçu hoje Aparecida e Piagui e Mato Dentro( zona rural de Guaratinguetá).
Os primeiros que aqui se consolidaram eram de origem portuguesa trazendo assim toda a influência de sua origem como podemos observar a própria origem da vila se desenvolver ao redor da capela dedicada ao Santo Antônio.
Texto: Marina T. F. C. Pinto / Referências: HERRMANN, Lucila. Evolução da Estrutura Social de Guaratinguetá num Período de Trezentos Anos. USP. São Paulo, 1986. / Pintura: Ciclo da caça ao índio de Henrique Bernardelli, 1922.
A obra apresentada intitulada "Cinco Moças de Guaratinguetá" é uma das mais conhecidas pinturas do artista modernista brasileiro Emiliano Augusto Cavalcanti de Albuquerque, conhecido como Di Cavalcanti, que nasceu na cidade do Rio de Janeiro, no dia 6 de setembro de 1897. Foi um dos precursores da Semana de Arte Moderna. Nos anos 60, Di Cavalcanti era saudado como "o mais brasileiro dos pintores modernistas", ao retratar pescadores, trabalhadores, sambistas e, especialmente, as mulheres mestiças.
Explicando sua obra mais conhecida, é datada de 1930, de óleo sobre tela, e o tamanho é 92×70 cm. Atualmente encontra-se no MASP (Museu de Arte de São Paulo).
A história sobre a inspiração do quadro é bastante curiosa e vem da época em que os modernistas se reuniam no circo de Abelardo Pinto Piolin, o “Palhaço Piolin”. Di Cavalcanti retratou nesta obra a mulher dele e suas quatro filhas.
Contada pela neta do artista circense, Ariel Garcia Sebastião Carvalho Filho, para José Ramos Neto.
A princípio, segundo ela relata, havia uma moça muito bonita em Guaratinguetá que ficava sempre na janela (como podem ver, uma delas está), que chamava a atenção dos rapazes. Em 1918, o circo do Palhaço Piolin esteve na cidade e ela fugiu com ele. Inclusive, essa passagem tornou-se histórica, especialmente por conta da música de Carnaval de Teixeirinha, chamada “O Mundo Do Circo”, em que ele canta “E o palhaço o que é? Ladrão de mulher”.
Ainda de acordo com Ariel: “Como somente minha mãe nasceu em Guaratinguetá, meu avô relatou a Di Cavalcanti, onde fez o quadro 'A menina de Guaratinguetá', que são esses os nomes das 5 moças de Guaratinguetá: Benedita França Pinto (avó), Áurea Pinto (tia), Ayola Garcia (mãe), Albertina Ribeiro de Barros (tia) e Ariel Pinto (tia - atriz Ana Ariel).
Conhecer e desbravar as andanças de um grande pintor modernista como Di Cavalcanti na cidade de Guaratinguetá, nos faz refletir sobre como o local e o regional refletiu em suas obras a sua importância no cenário cultural brasileiro.
A intrigante obra "Cinco Moças de Guaratinguetá", do artista Di Cavalcanti, é cercada de indagações e controvérsias . Qual é a verdadeira versão e sua conexão com a cidade? E as moças retratadas na obra? São figurantes ou são filhas de Guaratinguetá?
De acordo com a obra de Ana Cristina Canettieri em "No meio do Caminho - Clube dos 500", ao descrever a estadia de Di Cavalcanti em 1951, ao confeccionar um afresco encomendado por Orozimbo Loureiro, que hoje se encontra no restaurante no bairro Clube dos 500, a autora indaga sua obra anterior, em 1930.
Ela relata que as moças eram as irmãs do arquiteto e decorador Júlio Senna, nascido aqui em Guaratinguetá (1914-1988).
Júlio Senna era formado em Arquitetura na Escola Nacional de Belas Artes, hoje Universidade Federal do Rio de Janeiro, e muito influente na década de 1940, por decorar residências de alto padrão das elites carioca e paulista. Muitas delas, foram decoradas com seu estilo da paleta de cores da bandeira nacional e as célebres estampas de abacaxi, representando um estilo autêntico brasileiro.
Júlio Senna era de uma família numerosa de nove irmãos. Na tela, supostamente, as irmãs são: Olinta Senna, ao alto; Hilda Senna, à esquerda; e Maria Senna, abaixo, à direita. As duas outras moças retratadas seriam: Hermínia Galvão de França, ao centro, e Maria Galvão de França, abaixo.
Tais anotações foram realizadas de próprio punho, por Thereza Maia, diretora do Museu Memória de Guaratinguetá - Frei Galvão, no selo comemorativo lançado em homenagem a Di Cavalcanti, no ano de 1974.
Canettieri ainda destaca que o fato das cinco moças retratadas serem mestiças não se tornou impeditivo à veracidade a essa história.Para tanto, Di Cavalcanti não retratava fielmente suas obras na tela, porém, seu estilo estético era destacar a mulher brasileira miscigenada, apresentando-a como símbolo nacional de verdadeira beleza.
A principal obra do artista plástico modernista, Di Cavalcanti, até hoje suscita debates e controvérsias. Nos outros artigos registrados no Almanaque sobre a obra "As Cinco Moças de Guaratinguetá" foi questionado sobre quem seriam essas moças e a inspiração do seu famoso quadro. Lembrando que, curiosamente, Di Cavalcanti esteve em vários momentos na cidade criando, assim, três obras. A última é um afresco que, atualmente, encontra-se no restaurante do bairro Clube dos 500.
Como relatado anteriormente, houve duas hipóteses de as moças retratadas no quadro serem a esposa e as filhas do artista circense, o palhaço Piolhim. Existe até uma música de Carnaval na cidade falando do palhaço que roubou a filha da terra. Outra hipótese também, com maior veracidade, seria a de serem as irmãs do famoso arquiteto Júlio Senna, e também de outra ilustre família, que seriam as duas moças Galvão de França.
Porém, outra possibilidade não tão evidente, mas curiosa: segundo a obra de Canettieri, o escritor Benedito Geraldo de Carvalho, conhecido como Didi de Carvalho, que fazia crônicas diárias da cidade para a Rádio Clube, lidas por Mario de Oliveira, e o historiador, jornalista e imortal da Academia Brasileira de Letras, Francisco de Assis Barbosa, ambos guaratinguetaenses, ao expor as Cinco Moças de Guaratinguetá em Nova York, em 1930, no Roerich Museum, Di Cavalcanti teria apreciado a sonoridade da palavra "Guaratinguetá". Como era um artista espirituoso, o nome daria um “nó” na língua dos norte-americanos, e a palavra alcançaria o exótico objetivo.
Mediante várias hipóteses, uma única certeza: Di Cavalcanti engrandeceu a cidade de Guaratinguetá em um momento de busca da esperança de uma sociedade e um Brasil modernos, através de elementos nacionais e, ao mesmo tempo, conectados com suas raízes e regionalidade.
Texto: Marina T. F. C. Pinto / Referências: CANETTIERI. Ana Cristina. No meio do caminho. Clube dos 500. @fotoclubedos500. / Arte: Vanessa Marins / Revisão textual: Flávia Farath