Sabaraboçu, antes de ser uma estrada do antigo caminho da Estrada Real do século XVII, que levava ao trajeto do ouro em Minas Gerais era também uma figura lendária (mitos sobre o Brasil) para os portugueses e os primeiros bandeirantes quedominaram a região do Vale do Paraíba paulista, e por consequência, a nossa Guaratinguetá.
Sabaraboçu significa uma montanha toda cheia de prata e ouro.
Assim começa uma expedição para encontrar o valioso brilho prateado e dourado.
No primeiro momento, a expedição não encontra a SABARABOÇU porque era a serra da Mantiqueira, e nos dias claros a serra brilha por causa das rochas e das águas. Para os povos indígenas, principalmente os puris que habitaram na região do Vale, tudo o que brilhava e reluzia como o sol era prata, e os portugueses pensavam que era uma serra de prata (o metal).
Somente mais tarde com expedições, foi encontrada o sonhado ouro, que aos poucos foram formando as primeiras cidades do Vale e de Minas Gerais.
Assim Sabaraboçu representa os primeiros olhares, conquistas, perdas, sonhos, encontros e conflitos com os primeiros habitantes que formaram a nossa região e a cultura do Vale do Paraíba paulista.
Texto: Marina T. F. C. Pinto / Referência: COELHO, Benedito Carlos Marcondes. / A História de Guaratinguetá no Período colonial.HL2 1ed. 2003 / Litografia: Vila Rica, 1835, Johann Moritz Rugendas
No dia 13 de junho comemoramos 394 anos da fundação da nossa estimada cidade de Guaratinguetá, que em tupi significa “Terra das Garças Brancas”.
Atualmente conhecida como a terra do 1º santo brasileiro - Frei Galvão -, Guaratinguetá vive e viveu muitas histórias que povoam o imaginário dos guaratinguetaenses ou daqueles que a adotaram.
Atualmente conhecida como a terra do 1º santo brasileiro - Frei Galvão -, Guaratinguetá vive e viveu muitas histórias que povoam o imaginário dos guaratinguetaenses ou daqueles que a adotaram.
Os primórdios - Guaratinguetá se localiza entre as cidades que são banhadas pelo rio Paraíba do Sul, e é cercada pela majestosa Serra da Mantiqueira.
A cidade de Guaratinguetá foi fundada no dia 13 de junho de 1630, em homenagem a Santo Antônio, e de acordo “com o Livro Tombo da Matriz de Santo Antônio de Guaratinguetá, foi erguida uma capela de pau a pique, coberta de sapé, sob a invocação do santo, cuja festa se comemora no dia 13 de junho”.
Para começar, trazemos protagonistas até então pouco conhecidos, como os primeiros habitantes da região vale-paraibana: os indígenas puris e a donatária das terras da Vila de São Vicente, a Viscondessa de Vimieiro, Mariana de Sousa Guerra.
Texto: Marina T. F. C. Pinto / Litografia: Guaratinguetá, 1827, Jean Baptiste Debret
O ano de 2020 vai ficar marcado para a história!
Vivemos uma epidemia de escala global que mudou drasticamente a nossa relação com o mundo atual. Ela vai deixar rastros de uma memória em que fomos forçados a repensar nossos hábitos, rotinas e cuidados com a nossa saúde física e emocional. O coronavírus (ou Covid-19), que iniciou na China, na cidade de Wuhan, ganhou proporções gigantescas, e assim como no passado, a humanidade também se reinventará com as consequências desse episódio em nossa vida coletiva.
Nesse momento, muitos se questionaram no início dessa pandemia que a doença seria indicativo de um fim dos tempos, do mundo. E como imaginaríamos, em pleno século XXI envolto a tanta tecnologia, vivenciarmos um vírus que nos tira toda a segurança e certeza que temos em relação à sociedade científica.
Infelizmente, as epidemias não são algo tão raro e incomum em nossas vidas em sociedade. Ao longo da História, a humanidade passou por muitos episódios de dores e alegrias em relação a doenças em massa. As dores estão relacionadas à perda de controle da própria saúde e a do outro, e a alegria quando do fim da epidemia e o início de novos tempos.
Assim, nem só de alegrias vivenciou a nossa querida Guaratinguetá. No final do século XVIII e início do século passado, o Brasil vivenciou um dos piores momentos em relação à saúde de seus cidadãos: o país e o mundo foram devastados pela febre amarela e varíola, conhecida na época como a “doença da bexiga”.
Em Guaratinguetá e ao redor nas cidades do Vale do Paraíba muitos morreram sem assistência e recursos necessários para sua recuperação. Lembrando que não tínhamos vacina e uma estrutura hospitalar pública para a população. Nesse contexto surge a importância da Santa Casa de Misericórdia de Guaratinguetá.
Nesse contexto surge a importância da Santa Casa de Misericórdia de Guaratinguetá. Fundada em 1869, começou a atender os casos de lepra e varíola, que assolavam a população. Por coincidência, a varíola especialmente, em muito se assemelha ao vírus da Covid-19: alta taxa de contágio, sintomas semelhantes e também se tornou uma pandemia.
Outra epidemia que assolou a nossa região foi a cólera. Em 1894, o governo na época tomou a iniciativa de interromper o tráfego ferroviário entre os estados de São Paulo e Rio de Janeiro para evitar a propagação da doença à capital federal, que era o Rio de Janeiro. A interrupção do tráfego ferroviário permaneceu por um bom tempo, fazendo com que os negócios no comércio e na indústria fossem prejudicados. Os jornais, como o Correio Paulistano, teciam várias críticas ao Governo do Estado.
O curioso na rotina daquele tempo é que não podia sair do Estado de São Paulo sem um passaporte sanitário, e permaneceu proibido o comércio de gêneros alimentícios através da ferrovia, que eram então relacionados à transmissão da cólera, como carne, leite, toucinho e queijo. E os passageiros que tomavam a composição rumo ao Rio de Janeiro, nas estações atingidas pela epidemia, como Guaratinguetá, Cachoeira Paulista, Cruzeiro e Queluz tinham que ser descontaminado juntamente com sua bagagem antes de subir no trem, de acordo com TELAROLLI (Epidemia, 1895).
Outro dado interessante foi a corrente dos que apoiavam e os que criticavam o governo diante da epidemia. Alguns diziam sobre o "louvável rigor" do governo federal na defesa da população contra a cólera, e outros alegavam que São Paulo vinha se descuidando de medidas então fundamentais dentro do arsenal tecnológico disponível contra as doenças epidêmicas, como a fiscalização dos serviços de limpeza pública e a inspeção dos estabelecimentos coletivos, como cortiços, quartéis, restaurantes, colégios, hotéis e casas de pensão (Epidemia, 1894).
Sendo assim, percebemos que saúde e doença são processos que vivenciamos como humanidade em todos os períodos históricos, e ambas estão a nossa espreita. O passado pode nos ensinar a construirmos uma sociedade mais equilibrada e saudável. Nunca a educação, a ciência e a consciência comunitária se tornaram tão essenciais como a própria saúde do corpo.
Texto: Marina T.F. C. Pinto. / Fotografia: Livro Foto: Antigas imagens de Guaratinguetá. Por Erwin Schellenberg, De Heidi Schellenberg / Fotografia :F. S. Imoto - Colab. Zéck Broca - by Vale Ver Guará. Santa Casa de Misericórdia de Guaratinguetá, sem data. / Fotografia: F. S. Imoto - Colab. Zéck Broca - by Vale Ver Guará.. Rua Rangel Pestana na década de 1920. / TELAROLLI Jr., Rodolpho: Imigração e epidemias no estado de São Paulo. História, Ciências, Saúde - Manguinhos, III (2): 265-283 jul.-out. 1996.
No ano de 2020 um fato curioso ocorreu. Foi determinado que a primeira Igreja Batista na cidade de Guaratinguetá seria demolida e iria transformar um local para uso comercial. Nas redes sociais a comoção foi instantânea, de um lado os que eram totalmente contra a destruição de um patrimônio histórico da cidade,e outros que acusava que a cidade não estar aberta a modernidade.
Houve uma divisão de debates: a importância da nossa história e da preservação do patrimônio cultural, e outro a importância do comércio como oportunidade renda e geração de empregos. Ou seja, dois temas essenciais foram debatidos, ambos com a sua devida relevância.
Porém, o mais positivo foi o debate sobre a importância dos nossos patrimônios culturais e o que queremos preservar como nossa identidade.
A construção patrimonial da primeira Igreja Batista de Guaratinguetá tinha em suas formas e características da art décor, arte francesa surgida em 1910 e muito rara na atualidade e de conservação. Porém, não somente pela questão artística e arquitetônica da igreja, mas porque também a sua construção participou ativamente do processo de urbanização tão significativo em nossa cidade que é o bairro do Pedregulho.
Na página do Facebook o PIB (Primeira Igreja Batista) de Guaratinguetá há um registro de memória dos primeiros passos da construção do patrimônio religioso, consta que a organização da Congregação foi em 1954, mas a construção foi a partir de 1967. Algumas fotos registram essa construção em meio a avenida João Pessoa e próximos das casas atuais das famílias Roque e Xatara.
Independentemente do resultado e seu contexto, o registro e a preservação dos patrimônios culturais são práticas de identidade cidadã que perpassa de geração em geração. A memória de onde habitamos não é mero saudosismo é também a construção da nossa história local e da nossa atuação como cidadãos.
Texto: Marina T.F. C. Pinto. / Fotos: Facebook PIB ( Primeira Igreja Batista).